segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Guerra nos Céus

I
Era noite escura no céu triste da dor
Na mesma noite em que o anjo desistiu do amor.
E a poesia perdeu a magia e a beleza,
E todo o mundo mergulhou no oceano de tristeza.
Os sinos desde então não badalaram mais
E tudo se perdeu sem a imensidão da paz
Aquele anjo negro não quis ser portador da luz
Renegou e enterrou invertida a imagem da santa cruz.
Os ventos nunca mais sopraram em direção ao norte
E todos os humanos foram largados à própria sorte.
Bebês agora sem mãe, crianças agora sem pai.
O anjo que era divino, cospe em seu Deus e cai.
Ninguém saberia entender o que teria ocorrido,
Sabe-se apenas que o amor havia morrido.
Almas brigam o tempo todo almejando o poder.
E pela primeira vez, Cristo desistiu de viver.

II
O arcanjo Miguel liderava o lado “do bem”
Ajoelhados, os querubins respondiam amém.
E seu Deus foi abdicado do imaculado trono,
E durante mil anos cairia em profundo sono.
Luzes partidas eram vistas por todos os cantos,
Nessa guerra que não há pecadores nem santos.
Almas corrompidas pela vontade de governar,
Deixando para trás o privilégio de amar.
E o anjo negro do mal era chamado Lucibel,
O primeiro filho de deus que queria ser o dono do céu.
Cruzes no mar de sangue eram postas invertidas
Para que sempre se lembrassem dessa batalha maldita.
Nunca mais se ouviu falar do som belo no paraíso,
Os humanos foram proibidos de expressar um sorriso.
Dois lados lutando pela fome de abater
E pela segunda vez, Cristo desistiu de viver.

III
Para ganhar aliados, Lucibel recrutou Caim,
O primeiro homicida numa guerra que não teria fim.
E os anjos bons ressuscitaram então Abel,
Irmão versus irmão na tentativa de ganhar o céu.
A escuridão tomava conta de todo o mundo
E os humanos foram obrigados a viver nesse submundo.
Vi seca, fome, ódio; vi morte, briga e rancor.
Sentimentos duvidosos tomando o lugar do amor.
E a cada anjo do bem rendido, uma estrela se apagava.
E a cada morte que se fazia; o anjo negro prosperava.
Lucibel estava cego, a ganância era quase mortal.
Quem poderia supor que o filho de Deus seria tão mal?
Com seu olhar cego sem íris e suas asas queimadas,
Lucibel liderava o exército das almas negras armadas.
Era quase certo que nessa luta o mal viria a vencer.
E pela terceira vez, Cristo desistiu de viver.

IV
O céu cada vez mais ganhava um tom avermelhado
E os mares e oceanos eternamente teriam secado.
Os pássaros e seus cantos nunca mais foram ouvidos
E o que cortava o silêncio eram os anjos e seus gemidos.
Mil anos se passaram desde que a guerra se iniciou,
O Deus dos anjos bons finalmente do sono acordou.
Com suas palavras de ódio, amaldiçoou Lucibel,
Que pela derradeira vez acabou caindo do céu.
Os anjos negros armados foram expulsos também,
E eis que finalmente, o mal perdeu para o bem.
Lucibel perdeu seu posto de filho mais adorado
E nas grades do inferno para sempre seria algemado.
Lucibel não é mais Boa Luz, agora é Luz das Trevas.
Lúcifer por codinome, ou o senhor das guerras.
Mas os humanos se perderam nessa luta pelo poder
E agora eternamente, Cristo desistiu de viver.

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