domingo, 13 de dezembro de 2009

So Close

O rosto dele próximo do meu. A sua mão toca meu ombro, sobe meu pescoço, me alcança a face, brinca com a orelha, alcança os cabelos. O seu corpo cola-se ao meu. A sua boca vem baixando devagar, vencendo barreiras, colando-se á minha, de leve, de tão leve, que receio um movimento, um suspiro, um gesto, mesmo um pensamento. Estou em branco com a noite. Ele me abraça. Ele esta perto.

Caio Fernando

sábado, 5 de dezembro de 2009

Eterno Clichê

Não me importo em ser clichê, nem em repetir isso a cada texto. Não me importo de escrever mil vezes sobre o mesmo tema. O amor é clichê e inesgotável. Impossível não ser igual a tudo que já foi dito. Impossível não dizer de novo a mesma coisa. Ouvi na rádio esses dias uma bandinha “emo” cantar que “pra existir história, tem que existir verdade”. Clichê? É. Mas é a maior verdade que ouvi nos últimos tempos.

Brena Braz

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Eu queria ser famosa

Estampar as capas das revistas com minha felicidade instantânea e dizer que estou ótima depois de uma separação traumática. Queria ir pro Big Brother e fazer melhores amigos em uma semana. Queria dizer que amo com um mês de namoro. Queria que, quando alguém me chamasse de gostosa, isso fosse um elogio ao meu caráter e não um “eu te comeria se você me desse mole”. É provável que eu fosse mais feliz assim.
Mas eu sou tradicional. Sou convencional, apesar de não ser normal. Se eu me corto, eu sangro. Se bato o dedo no pé da mesa, dói. Sou uma pessoa comum. Acredito no até que a morte nos separe e também no eterno enquanto dure. Acredito que, se eu sou capaz de ser fiel, alguém mais pode ser. Acredito que eu não sou uma laranja, mas preciso da minha outra metade pra me sentir inteira. Valorizo as pequenas atitudes, assim como condeno pequenas mancadas. Sou rancorosa, guardo por anos uma coisa que me magoou de verdade. Sei perdoar. Passo por cima dos erros pra ficar junto das pessoas que eu gosto. Tenho meus limites. O primeiro deles é meu amor-próprio. Perdôo uma vez, porque errar é humano. Perdôo duas porque o ser humano é estúpido às vezes. Mas não posso viver perdoando porque isso seria incompetência minha.
Acredito que as pessoas aprendem com os próprios erros e com o tempo. Acredito também que quem traiu uma vez e foi perdoado vai trair de novo. Acredito que aquelas pessoas que vivem falando mal dos outros vão falar mal de você com esses outros. Acredito que as pessoas só mudam por vontade própria e nunca pelo pedido de outra pessoa. Acredito que tudo que eu acredito hoje vai mudar com o tempo. E que, no futuro, talvez, eu acredite em menos coisas. Ou em nada mais.
Nunca vendi meu corpo, nem nunca sequer considerei essa possibilidade. Eu sei exatamente o tipo de homem que sai com puta. E esse tipo me dá náusea. Nunca precisei experimentar drogas pra pertencer a nenhum grupo. Me dou bem com todo tipo de gente e as pessoas costumam gostar de mim apesar do que eu sou. Tenho verdadeira repulsa por homem mulherengo. Detesto aquele tipinho “caminhoneiro” (que fala pra esposa que tem uma em cada ponto, mas ela é a única que ele ama). Detesto mulher corna que se explica pras pessoas “mas ele me ama”. Sexo com outras pessoas só é perdoado quando é o homem que faz. Detesto homem machista. Detesto o tipinho que vai pra farra enquanto a mulher tonta espera em casa. Detesto mulher tonta.
Eu queria ser famosa pra fingir que não sinto dor. Pra fingir que sou perfeita na capa das revistas masculinas. Pra fingir que não preciso fingir. Queria ser famosa pra ser uma fruta e não uma cabeça que pensa. Mas escrever nunca deu dinheiro, nem capa de revista, nem melhores amigos no Big Brother. Escrever é pra pessoas de quinta como eu, que não vão fazer seu primeiro milhão vendendo o que tem no meio das pernas pra adolescentes de 30 anos de idade. Queria ser famosa pra experimentar uma vida que, dizem por aí, é melhor que a minha. Queria ser famosa pra ver se eu conseguiria ser eu.

Pretty and Perfect


Mulher nenhuma dá conta de ser tão linda quanto o outro acha que ela é. Tão legal quanto o outro acha que ela é. Tão desgarrada e sem ciúme quanto o outro gostaria que ela fosse. Isso é coisa do começo, quando os homens ainda enxergam em nós, mulheres, a perfeição. E depois de alguns meses, somos obrigadas a corresponder às expectativas que eles criaram por conta própria. Cadê aquela mulher perfeita, linda, exuberante e legal que eu conheci? Não, querido, essa pessoa nunca existiu a não ser na sua imaginação.
Eu não pareço, nem de longe, a garota da camiseta molhada da revista. Eu não tenho vocação (nem bunda suficiente) pra andar de shortinho enfiado. Nunca vou colocar silicone e meus peitos vão continuar do jeito que eu gosto que eles sejam. Nunca vou achar normal traição e meu conceito de traição inclui trocar telefone (ou outro meio de contato) com uma mulher na balada. Nunca vou deixar solto quem eu amo. Minhas verdades mudam com o tempo, meus valores não. O que alguém acha de mim não vai determinar quem eu sou. Mesmo assim, não vou discordar quando alguém achar que eu não valho a pena. Eu valho. Eu valho a pena se tentarem me amar ao invés de se apaixonarem por mim.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Estou a procura de um livro pra ler

É um livro todo especial. Eu o imagino como a um rosto sem traços. Não lhe sei o nome nem o autor. Quem sabe, às vezes penso que estou à procura de um livro que eu mesma escreveria. Não sei. Mas faço tantas fantasias a respeito desse livro desconhecido e já tão profundamente amado. Uma das fantasias é assim. Eu o estaria lendo e de súbito, uma frase lida, com lágrimas nos olhos diria em êxtase de dor e de enfim libertação: Mas é que eu não sabia que se pode tudo, meu Deus!

Clarice

domingo, 22 de novembro de 2009

Feitos um pro outro

Eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.

Caio Fernando

E eu desejei você

Sempre acreditei que toda vez que a gente entra numa igreja pela primeira vez, vê uma estrela cadente ou amarra no pulso uma fitinha de Nosso Senhor do Bonfim, pode fazer um pedido. Ou três. Sempre faço. Quando são três, em geral, esqueço dois. Um nunca esqueci. Um sempre pedi: AMOR.

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A de verdade

Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje...Amanhã, já me reinventei. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim. Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina...E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar. Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil...e choro também!

Tati Bernardi

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

William Shakespeare escreveu

Amor não é amor que se altera quando encontra alteração. Ou uma marca rígida, que aparece numa tempestade e nunca se abala. Amor não se transforma de hora em hora, mas surge mesmo à beira da morte

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

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"Eu continuo sem saber que maravilha a vida poderia me reservar se eu não me protegesse tanto."

Tati Bernardi

De todas as maneiras

A gente se apaixona pelo jeito da pessoa. Não é porque ele cita Camões, não é porque ela tem olhos azuis: é o jeito dele de dizer versos em voz alta como se ele mesmo os tivesse escrito pra nós; é o jeito dela de piscar demorado seus lindos olhos azuis, como se estivesse em câmera lenta. O jeito de caminhar. O jeito de usar a camisa pra fora das calças. O jeito de passar a mão no cabelo. O jeito de suspirar no final das frases. O jeito de beijar. O jeito de sorrir. Vá tentar explicar isso.

Martha Medeiros

Porque quando você me abraça, o mundo gira devagar

A gente se apertou um contra o outro. A gente queria ficar apertado assim porque nos completávamos desse jeito, o corpo de um sendo a metade perdida do corpo do outro. Tão simples, tão clássico.

Caio Fernando

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Exagerada toda a vida

Minhas paixões são ardentes; minhas dores de cotovelo, de querer morrer; louca do tipo desvairada; briguenta de tô de mal pra sempre; durmo treze horas seguidas; meus amigos são semi-irmãos; meus amores são sempre eternos e meus dramas, mexicanos!

Clarice Lispector

u.u

"Sempre querem mulheres festivas e subjugadas. Efusivas e caladas. Dadas e reservadas. O Brasil é macho, muito macho. É o pau-brasil, o bumba-meu-boi, o saci pererê, o berimbau, o futebol e o caralho a quatro. E as meninas brasileiras são criadas para seguirem em frente sem perceber o quanto são ridicularizadas. Tomar na bunda sorrindo. Metáfora forte demais? Não, nem é metáfora."

Fernanda Young

Fica na minha vida pra sempre ?

Você não precisa mais de chocolate. Agora, você tem um cidadão que te causa o mesmo efeito. Que te dá uma sensação boa pelo corpo inteiro. Que te dá energia e que te dá gosto. Que dá gosto de olhar, de tocar, de sentir, de beijar. Ele dirige bem seu carro, seu corpo e, se sua vida fosse um filme, ele poderia ser o diretor. Ou o personagem principal. Ele escreve as coisas mais lindas que você já leu e, mesmo assim, ele consegue ler seus textos cheios de clichês. E ele é meio clichê do seu lado. Ele fala que te adora. Te chama de linda. Diz que te quer pra sempre. Mas enquanto o pra sempre não chega, você quer aproveitar cada segundo do lado dele. Você queria não ter hora pra ir embora. Você queria que ele não fosse embora. Você só queria rir com ele a noite inteira. E queria que a noite inteira não tivesse fim. Pra vocês falarem besteiras. Pra jogar conversa fora. Pra você falar das coisas fúteis sem parecer estúpida. Pra ele rir porque o álcool é intolerante a você. A noite é sempre perfeita. Você bebe uma ou duas doses da sua bebida favorita e ri horrores. Ri porque se diverte com ele. Ri porque ele consegue ser mais bobo que você. Ri porque não entende como pode ser tão gostoso estar do lado daquele cara que nada sabe sobre você e gosta da sua companhia mesmo assim. Ri porque está feliz com tão pouco. Está feliz de estar ali. E queria estar ali pra sempre. Você ri porque ele não é nada daquilo que você imaginou pra sua vida. Mas ele te convence, sem palavras, de que é o cara perfeito pra você. E faz com que tudo que você viveu antes dele pareça tão morno. Faz com que os outros caras que já passaram pela sua vida pareçam tão pouco.Ele admira seu sorriso. Diz que seu corpo é lindo. Adora seu cabelo. Suas pernas. Beija sua mão. Beija seu rosto com um carinho ingênuo. Toca sua pele e faz você se sentir uma adolescente. Ele te abraça e muda o ritmo da sua respiração. Porque, na verdade, ele mudou sua vida. Ele não fez nada pra isso, mas te faz a pessoa mais feliz do mundo. Você não quer mais nada dessa vida. Quer ele. E só. Quer ele te abraçando com aquela mão macia. Com aquele corpo quente. Aqueles olhinhos brilhando do seu lado. Aquele olhar que fala sem palavras. Aquele sorriso mais do que fofo. Aquele cara que chegou e te rendeu sem o mínimo esforço. Por quem você abandonaria todos os outros caras interessantes que te ligam sábado à noite. Deletaria do seu celular todos os números de telefone. Por quem você largaria todas as outras propostas. Arriscaria começar tudo de novo. Ele é o cara pra quem você olha e pensa: fica na minha vida pra sempre?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Só dançar é de verdade

Nem sei direito, mas sinto assim. Então me escondo em algum momento do dia e danço um pouco. Pra falar a verdade eu danço muito. Daí já é quase fim de tarde. Falta pouco. Eu nunca sei exatamente para o quê, mas me acalmo com a sensação. As sensações sempre sabem mais do que a gente pode saber. Talvez por isso elas sejam terríveis. Talvez por isso doam tanto meu estômago que se renega a acolher o impossível de digerir e classificar. Talvez por isso eu escreva.E pensar que se você lê, meu amor, eu escrevo. E se você lê, meu amor, eu como. E se você lê, meu amor, eu continuo viva. É triste, mas se a gente pensar com carinho, é bem bonito.

Tati Bernardi

sábado, 10 de outubro de 2009

Vou ser feliz,

Sem me importar com o que isso irá causar aos outros...o importante é que não estou fazendo mal a ninguém, pelo contrário! Estou apenas enterrando as impurezas e toxinas da minha vida e deixando brotar uma bela e frutífera árvore, e que seja doce...

Caio Fernando Abreu

Ele ficou ali na minha frente

Me olhando. Não me olhando propriamente, havia muito tempo que não olhava mais para nada, seus olhos pareciam voltados para dentro, ou então era como se transpassassem as pessoas ou objetos para ver, lá no fundo deles, uma coisa que nem eles próprios sabiam de si mesmos. Eu me sentia mal com esse olhar, porque era um olhar muito... muito sábio, para ser franco. Completamente insano, mas extremamente sábio.

Caio Fernando Abreu

Sobretudo

Não se angustie procurando-o: ele vem até você, quando você e ele estiverem prontos.

Caio Fernando Abreu

Às vezes, estamos sem rumo, mas alguém entra em nossa vida, e se torna o nosso destino.

Martha Medeiros

Simples Assim

Há certas horas, em que não precisamos de um amor. Não precisamos da paixão desmedida. Não queremos beijo na boca. E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama. Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado. Sem nada dizer. Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir. Alguém que ria de nossas piadas sem graça. Que ache nossas tristezas as maiores do mundo. Que nos teça elogios sem fim. E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade inquestionável. Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado. Alguém que nos possa dizer: acho que você está errado, mas estou do seu lado. Ou alguém que apenas diga: sou seu amor, e estou aqui!

William Shakespeare

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Ele me desperta sentimentos i-na-cre-di-ta-vel-men-te ternos

E ele tinha todo aquele abraço que protege e acalma, fiquei ali um bom tempo, de olhos fechados, aproveitando e ouvindo o ritmo do coração alheio. Fico pensando que fazia tanto tempo que isso não acontecia, que essa sensação de estar com alguém e se sentir bem, fazia tanto tempo. Ás vezes aquele eterno clichê funciona, "quando menos se espera, aparece", e de uma maneira estranha, eu sempre acabo caindo nesses clichês. Porém não me importo, bom demais.

Texto: Camila Meneghetti
Título: Caio Fernando de Abreu

sábado, 26 de setembro de 2009

E sei que estou apenas no início de um largo caminho de amor

A única coisa que ele quer é me ver bem, a única coisa que quer é me ter. E Deus, eu quero tanto ele, toda hora, todo momento. Então decidi algo que nunca tinha proposto a mim mesma, não vou perder ele, de maneira alguma.

Camila Meneghetti

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Assim

De repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você, que me prega um susto de mentirinha, como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de fruta em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e o do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você.

Caio Fernando

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Que seja doce


Só preciso de alguns abraços queridos, a companhia suave, bate-papos que me façam sorrir, algum nível de embriaguez e a sincronicidade: eu e você não acontecemos por uma relação causal, mas por uma relação de significado, que ainda estamos trabalhando.

Caio F.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

E no meio de tanta gente eu encontrei você

Entre tanta gente chata, sem nenhuma graça, você veio.
E eu que pensava que não ia me apaixonar nunca mais na vida.
Eu podia ficar feio, só, perdido.
Mas com você eu fico muito mais bonito, mais esperto.
E podia estar tudo agora dando errado pra mim, mas com você dá certo.
Por isso não vá embora. Por isso não me deixe nunca nunca mais.
Eu podia estar sofrendo, caído por aí.
Mas com você eu fico muito mais feliz, mais desperto.
Eu podia estar agora sem você
Mas eu não quero, não quero

Marisa Monte-Não vá embora

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Não sei se o mundo é bom

Mas ele está melhor, desde que você chegou, e perguntou: "Tem lugar pra mim?"

Nando Reis - Espatódea

Estou apaixonada por você

Com direito a todos os risos bobos, horas de conversas e os sentimentos recíprocos. Estou apaixonada por você com todo lado bom que tenho dentro de mim, com todas as minhas palavras doces e risos abertos, abraços demorados e amigos ao redor. Como diria alguém: "Algo em mim depende de você", e de fato depende mesmo, é estranho e um pouco assustador pelo tempo, mas existe algo entre nós que elimina esses dias e ficamos sem tempo, sem data, sem hora, apenas ficamos juntos e de tudo, sem dúvida é o que mais vale a pena. Foi rápido, tomou espaço em mim de repente, não tive nem como negar, apareceu assim, rindo e eu, ri, pela primeira vez, ri porque soube que meus textos mudariam de dono.

sábado, 5 de setembro de 2009

Flerte Fatal

"São Paulo
5:03 da manhã sinto a ferrugem, telefone continua calado. Chego em casa tomo meu wisky e alimento mais a minha solidão. O gosto amargo insiste em permanecer no meu corpo. Corpo...corpo...está nú...Gelado com o peito ardendo, gritando por socorro, preste a cair do 14º andar...A sacada é curta, o grito é inevitável...Eu vou acordar o vizinho, eu vou riscar os corpos, eu vou te telefonar...E dizer que eu só preciso dormir..."

Quanta gente já ultrapassou, a linha entre o prazer e a dependência, e a loucura que faz o cara dar um tiro na cabeça.

Ira-Flerte Fatal
Composição: Edgard Scandurra

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Se eu soubesse antes, o que sei agora, erraria tudo exatamente igual ?

Você já se perguntou se somos nós que fazemos os momentos em nossas vidas, ou se são os momentos da nossa vida nos fazem?
Se você pudesse voltar no tempo e mudar apenas uma coisa na sua vida, você mudaria? E se mudasse, será essa mudança tornaria a sua vida melhor? Ou será que ela acabaria partindo o seu coração? Ou partindo o coração de outro? Será que você escolheria um caminho totalmente diferente? Ou você só mudaria uma única coisa? Um único momento. Um momento que você sempre quis ter de volta.

sábado, 29 de agosto de 2009

A pior e a melhor coisa da vida é saber que tuuudo passa


Mas Passou

Hoje te conto. E lembro daquela história zen, o rei que pediu ao monge um talismã que o protegesse de qualquer mal. O monge deu ao rei um anel, com a recomendação de abri-lo só em caso de extremo perigo. Um dia, o castelo foi cercado pelos inimigos, e o rei encurralado numa torre. Ele abriu o anel. Dentro, havia um papelzinho dobrado. Ele abriu o papelzinho e leu uma frase assim: "Isto também passará."

Caio Fernando Abreu

Eu não quero promessas

Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos.

Fernanda Mello

Ah, mas tudo bem


Em seguida todo mundo se acostuma. As pessoas esquecem umas das outras com tanta facilidade. Como é mesmo que minha mãe dizia? Quem não é visto não é lembrado. Longe dos olhos, longe do coração. Pois é.

Caio Fernando

A gente tem

E se não tem, Deus dá, e se Deus não dá a gente inventa, você sabe.

Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sobre a Escrita

Sempre quis atingir através da palavra alguma coisa que fosse ao mesmo tempo sem moeda e que fosse e transmitisse tranqüilidade ou simplesmente a verdade mais profunda existente no ser humano e nas coisas. Cada vez mais eu escrevo com menos palavras. Meu livro melhor acontecerá quando eu de todo não escrever. Eu tenho uma falta de assunto essencial. Todo homem tem sina obscura de pensamento que pode ser o de um crepúsculo e pode ser uma aurora. Simplesmente as palavras do homem.

Clarice Lispector

About me and you


Ele gostava quando ela dizia sabe, nunca tive um papo com outro cara assim que nem tenho com você. Ela gostava quando ele dizia gozado, você parece uma pessoa que eu conheço há muito tempo. E de quando ele falava calma, você tá tensa, vem cá, e a abraçava e a fazia deitar a cabeça no ombro dele para olhar longe, no horizonte do mar, até que tudo passasse, e tudo passava assim desse jeito. Ele gostava tanto quando ela passava as mãos nos cabelos da nuca dele, aqueles meio crespos, e dizia bobo, você não passa de um menino bobo.

Caio Fernando Abreu

Ah se ele soubesse

Que é nele que eu penso todas as manhãs, e o resto do dia também, que ele me faz falta como nenhum outro fez, que dos meus sonhos mais lindos, a coisa mais linda é ele, que ele é tudo pra mim e que quando me perguntam qual foi a melhor coisa que me aconteceu eu respondo: foi quando ele disse que me amava. Quer saber? ele sabe, ele sabe.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Está tudo planejado

Um dia aquele um vai entrar por essa mesma porta, sem avisar. Diferente dessa gente toda vestida de preto, com cabelo arrepiadinho. Se quiser eu piro, e imagino ele de capa de gabardine, chapéu molhado, barba de dois dias, cigarro no canto da boca, bem noir. Mas isso é filme, ele não. Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. é por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite. Não por você, por outros como você. Pra ele, me guardo. Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor.

Caio Fernando Abreu

Fico tão cansada ás vezes

E digo para mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. (…) então eu não sentia nada, podia fazer as coisas mais audaciosas sem sentir nada, bastava estar atenta como estes gerânios, você acha que um gerânio sente alguma coisa? quero dizer, um gerânio está sempre tão ocupado em ser um gerânio e deve ter tanta certeza de ser um gerânio que não lhe sobra tempo para nenhuma outra dúvida…”

Caio Fernando Abreu

Agosto

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados. Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto.

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Eu quis tanto ser a tua paz

Quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. "

Caio F. sempre ele

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Dizem que um dos dois sempre ama mais...

Oh meu Deus, quem dera não fosse eu!

Do Filme - Antes que termine o dia

Aconteceu

Seu coração disse pra sua cabeça, vá, e sua cabeça disse pra sua coragem, vou, e sua coragem respondeu, vou nada, mas sua boca não ouviu e beijou.

Trecho do Livro 'A Máquina' de Adriana Falcão

sábado, 1 de agosto de 2009

Carta para o homem que morreu e um pouco de verdade viva

"Eu passo quieta por você, você passa quieto por mim, e eu ainda escuto o barulho que a gente faz. E você já abalou tanto a minha vida. Que pena, agora você morreu. Não morre, por favor. Seja ele, seja o homem que perde um segundo de ar quando me vê. Mas você nunca mais me olhou quase chorando, você nunca mais se emocionou, nem a mim. Você nunca mais pegou na minha mão e me fez sentir segura. Nunca mais falou a coisa mais errada do mundo e fez o mundo valer a pena. Eu treinei viver sem você, eu treinei porque você sempre achou um absurdo o tanto que eu precisava de você para estar feliz. De tanto treinar acostumei.
(...) Eu só queria que ele aparecesse, o homem que vai me olhar de um jeito que vai limpar toda a sujeira, o rabisco, o nó. O homem que vai ser o pai dos meus filhos e não dos meus medos. O homem com o maior colo do mundo, para dar tempo de eu ser mulher, transar para sempre. Para dar tempo de eu ser criança, chorar para sempre. Para dar tempo de eu ser para sempre. Cansei de morrer na vida das pessoas. Por isso matei você. Antes que eu morresse de amor. Matei você. Eu sei que sou covarde.
Surpreso? Eu não".

Tati B.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Diz que me Odeia

Que gostaria de me machucar. Que se apaixonou por uma outra mulher. Mas não diga que está me esquecendo."

Do Filme "O Passado"

Estou Triste


Não tenho vergonha de dizer que estou triste, Não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas: Estou triste por que vocês são burros e feios e não morrem nunca...

Mario Quintana

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ódio por Ódio

Teria milhares de maneiras para principiar esta conversa e dar continuidade, eu prefiro te escrever como me sinto...Odeio-te, odeio por não ter lutado por nós e não estar ao meu lado quando mais precisei, quando mais eu te amei também não estava lá, para te falar olhando nos olhos, não estava lá. Aquele meu passado de desejo e de espera terminou. Odeio-te, pois não escutou dos meus lábios, que ainda amargam de tão doce como eu queria você, só de mencionar a lembrança daqueles dias de sofrer, aqueles tais que tu não o conheces, pois estava tão preocupado com a tua vida que não poderia se dedicar ao “Nós”.
É verdade que guardo a lembrança dos teus lábios como ninguém mais, também é verdade hoje tenho medo de ti, medo destes teus olhos castanhos que para mim são como prisões alem mar. Envolvo-me de uma forma com a tua pele, com o teu cheiro, com este sorriso que queria ter uma vida inteira para mim então você não é mais você, tu és o mar bravo as correntezas indomáveis e sem propósito. Jamais poderás deitar em meu colo e dormir...mas quem disse que é do teu desejo? Quem disse que quer um alguém para que o sono seja acalentado, um alguém para uma vida inteira te amar? Por isso é que o odeio por me deixar de lado mesmo querendo-me, mesmo amando em surdina, escondido por trás dos teus sorrisos...

Allan Roberto

domingo, 26 de julho de 2009

Dentro de mim soluça sempre a mesma voz:


“Pronto, nisto é que você se tornou! Sem caridade, ares superiores, atrevida. Ninguém gosta de você, e isso por você não atender aos conselhos da sua metade melhor”.

Continuo tentando encontrar a maneira de ser como desejo ser, como poderia ser, se... se não houvesse mais ninguém vivo neste mundo...

Do Diário de Anne Frank

sábado, 25 de julho de 2009

Enquanto isso


É necessário que mantenha firme meus ideais, pois talvez chegue o dia em que os possa realizar.

O Diário de Anne Frank

domingo, 19 de julho de 2009

Closer

- Aonde vai?
- Cigarros.
- Mas está tudo fechado.
- Vou ao terminal. Quando eu voltar, por favor, fale a verdade.
- Por quê?
- Porque estou viciado nela. Porque sem ela, somos animais... Confie em mim.
- Não te Amo mais!
- Desde quando?
- Agora. Eu não quero mentir...Não posso contar a verdade, então, está tudo acabado.
- Não importa. Eu te Amo! Nada importa.
- Tarde demais. Eu não te amo mais...Adeus

Diálogo extraído do Filme Closer

A Grande Descoberta

-Descobri! Descobri!
-O quê?
-O que eu quero de um homem. Eu finalmente descobri.
-Um filho.
-Não! Eu achava que era…mas no momento não tenho saco nem pra imposto de renda uma vez por ano, vou ter pra filho a vida toda?
-Alguém pra trepar domingo...sabe aquele tesão ridículo que dá ler um livrinho depois do almoço?
-Isso é umas. Mas não é isso.
-Não vai me dizer que é dinheiro.
-Não, isso é bom pra fazer piada em roteiro. Mas na vida real me dá bode.
-Alguém pra ficar na salinha de espera do Samaritano enquanto o médico tenta separar seu dedão das costas da mão, pós surto de ansiedade?
-Isso também parece ser algo lindo enquanto se luta por, mas quando se consegue, a vida fica chata que só.
-Cinema?
-Prefiro ir sozinha. Juro. É bizarro. Mas adoro ir sozinha ao cinema.
-Sair da toca protegida?
-Prefiro sair com as minhas amigas. Com homem o bom é ficar na cama, sair é pra caçar homem, o que não faz sentido com um.
-Jantar?
-Então, eu não como desde 2004.
-Amar?
-Hmmmm, eu já dedico isso inteiramente a mim e estou longe de me dar o suficiente.
-Então eu não sei.
-Eu quero tratar mal. Eu quero tratar mal. Eu quero tratar mal. Eu quero tratar maaaaaaaaaal !!!!!!!!!!!
-Esse é o problema das mulheres.
-Querer tratar vocês mal?
-É, só querer. A gente vai lá e trata. Fim da obsessão.

Tati Bernardi

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Eu só queria me divertir um pouco

Mas nada pode. Se você quer amar, não pode, a coisa vira toda contra você. É coisa de mulher chata. Se você quer dar, também não pode não. É coisa de vadia. O mundo é um lixo com as mulheres. E minha mente tem esse mundo aqui dentro. Esse lixo. Não queira nada, mulher! Apenas diga não e tenha o mundo aos seus pés. E dane-se se sua alma é dessas querendo dizer sim pra ser honesta e com bode do não de quem faz charme e não faz o que quer. Ser de verdade traz uma dor de verdade e só.

Tati Bernardi - Deusa x menina de festa querendo dar

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Vem Cá

Me dá aqui a sua mão. Coloca sobre meu peito. Agora escute. Olha o tumtumtum. Você pode me ouvir? É pra você, seu besta! É por você que meu coração bate! (Ele, que de tanto bater, parou sem querer outro dia). Posso confessar? Jura que vai acreditar em mim? A verdade é que estou de saco cheio de histórias românticas. Meus casos de amor já não têm a menor graça. Será que você me entende? Eu não escrevo porque vivo amores cinematográficos e quero contar pro mundo. Não!! Eu escrevo porque eu sou uma maluca. Minha vida é real demais. Um filme B pra ser mais exata. E eu não acho graça em amores sem final feliz. Por isso, invento. Pro sangue correr pelas veias, pra lágrima cair dos olhos, pra adrenalina sacudir o corpo. Eu invento amores pra ver se eu acredito em mim. (Acredita?). Mas hoje eu estou cansada. Estou cansada de mentiras, de realidade, de telefone mudo e de músicas sem letra...Me deixa ser egoísta. Me deixa fazer você entender que eu gosto de mim e quero ser preservada. Me deixa de fora de suas mentiras e dessa conversa fiada. Eu sou uma espécie quase em extinção: eu acredito nas pessoas. E eu quase acredito em você. Não precisa gostar de mim se não quiser. Mas não me faça acreditar que é amor, caso seja apenas derivado. Não me diga nada. (Ou me diga tudo). Não me olhe assim, você diz tanta coisa com um olhar. E olhar mente, eu sei! E eu sei porque aprendi. Também sei mentir das formas mais perversas e doces possíveis. (Sabia?) Mas meu coração está rouco agora. GRAVE! Você percebe? Escuta só como ele bate. O tumtumtum não é mais o mesmo. Não quero dizer que o tempo passou, que você passou, que a ilusão acabou, apesar de tudo ser um pouco verdade. O problema não é esse. Eu não me contento com pouco. (Não mais). Eu tenho MUITO dentro de mim e não estou a fim de dar sem receber nada em troca. Essa coisa bonita de dar sem receber funciona muito bem em rezas, histórias de santos e demais evoluídos do planeta. Mas eu não moro em igreja, não sou santa, não evoluí até esse ponto e só vou te dar se você me der também.

Fernanda Mello

terça-feira, 7 de julho de 2009

O dia em que Júpiter encontrou Saturno

Foi a primeira pessoa que viu quando entrou. Tão bonito que ela baixou os olhos, sem querer querendo que ele também a tivesse visto. Deram-lhe um copo de plástico com vodka, gelo e uma casquinha de limão. Ela triturou a casquinha entre os dentes, mexendo o gelo com a ponta do indicador, sem beber. Com a movimentação dos outros, levantando o tempo todo para dançar rocks barulhentos ou afundar nos quartos onde rolavam carreiras e baseados, devagarinho conquistou uma cadeira de junco junto a janela. A noite clara lá fora estendida sobre Henrique Schaumann, a avenida poncho & conga, riu sozinha. Ria sozinha quase o tempo todo, uma moça magra querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz. Molhou os lábios na vodka tomando coragem de olhar para ele, um moço queimado de sol e calças brancas com a barra descosturada. Baixou outra vez os olhos, embora morena também, e suspirou soltando os ombros, coluna amoldando-se ao junco da cadeira. Só porque era sábado e não ficaria, desta vez não, parada entre o som, a televisão e o livro, atenta ao telefone silencioso. Sorriu olhando em volta, muito bem, parabéns, aqui estamos.

Não que estivesse triste, só não sentia mais nada.

Levemente, para não chamar atenção de ninguém, girou o busto sobre a cintura, apoiando o cotovelo direito sobre o peitoril da janela. Debruçou o rosto na palma da mão, os cabelos lisos caíram sobre o rosto. para afastá-los, ela levantou a cabeça, e então viu o céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Vista assim parecia não uma moça vivendo, mas pintada em aquarela, estatizada feito estivesse muito calma, e até estava, só não sentia mais nada, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco parada assim, meio remota, o moço das calças brancas veio se aproximando sem que ela percebesse.

Parado ao lado dela, vistos de dentro, os dois pintados em aquarela - mas vistos de fora, das janelas dos carros procurando bares na avenida, sombras chinesas recortadas contra a luz vermelha.

E de repente o rock barulhento parou e a voz de John Lennon cantou every day, every way is getting better and better. Na cabeça dela soaram cinco tiros. Os olhos subitamente endurecidos da moça voltaram-se para dentro, esbarrando nos olhos subitamente endurecidos do moço. As memórias que cada um guardava, e eram tantas, transpareceram tão nitidamente nos olhos que ela imediatamente entendeu quando ele a tocou no ombro.

-Você gosta de estrelas?
-Gosto. Você também?
-Também. Você está olhando a lua?
-Quase cheia. Em Virgem.
-Amanhã faz conjunção com Júpiter.
-Com Saturno também.
-Isso é bom?
-Eu não sei. Deve ser.
-É sim. Bom encontrar você.
-Também acho.

(Silêncio)

-Você gosta de Júpiter?
-Gosto. Na verdade "desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra".
-Que é isso?
-Um poema de um menino que vai morrer.
-Como é que você sabe?
-Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.

(Silêncio)

-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

(Silêncio)

-Como é que você sabe?
-O quê?
-Que o menino vai se matar.
-Sei de muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
-Eu não sei nada.
-Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
-Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
-Ninguém compreende.
-Às vezes sim. Eu te ensino.
-Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também.
-Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo?

(Silêncio)

-Você tomou alguma coisa?
-O quê?
-Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, psilocibina, metedrina.
-Não tomei nada. Não tomo mais nada.
-Nem eu. Já tomei tudo.
-Tudo?
-Cogumelos têm parte com o diabo.
-O ópio aperfeiçoa o real
-Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.

(Silêncio)

-Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
-Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
-Alguma coisa se perdeu.
-Onde fomos? Onde ficamos?
-Alguma coisa se encontrou.
-E aqueles guizos?
-E aquelas fitas?
-O sol já foi embora.
-A estrada escureceu.
-Mas navegamos.
-Sim. Onde está o Norte?
-Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.

(Silêncio)

-Você é de Virgem?
-Sou. E você, de Capricórnio?
-Sou. Eu sabia.
-Eu sabia também.
-Combinamos: terra.
-Sim. Combinamos.

(Silêncio)

-Amanhã vou embora para Paris.
-Amanhã vou embora para Natal.
-Eu te mando um cartão de lá.
-Eu te mando um cartão de lá.
-No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
-No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.

(Silêncio)

-Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada do meu lado, olhando de perfil.
-Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
-Vamos nos ver?
-No teu chá. No meu chá.

(Silêncio)

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.

(Silêncio)

-Tudo isso é muito abstrato. Está tocando "Kiss, kiss, kiss". Por que você não me convida para dormirmos juntos.
-Você quer dormir comigo?
-Não.
-Porque não é preciso?
-Porque não é preciso.

(Silêncio)

-Me beija.
-Te beijo.

Foi a última pessoa que viu ao sair. Tão bonita que ele baixou os olhos, sem saber sabendo que ela também o tinha visto. Desceu pelo elevador, a chave do carro na mão. Rodou a chave entre os dedos, depois mordeu leve a ponta metálica, amarga. Os olhos fixos nos andares que passavam, sem prestar atenção nos outros que assoavam narizes ou pingavam colírios. Devagarinho, conquistou o espaço junto à porta. Os ruídos coados de festas e comandos da madrugada nos outros apartamentos, festas pelas frestas, riu sozinho. Ria sozinho quase sempre, um moço queimado de sol, com a barra branca das calças descosturadas, querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz.

Mordeu a unha junto com a chave, lembrando dela, uma moça magra de cabelos lisos junto à janela. Baixou outra vez os olhos, embora magro também. E suspirou soltando os ombros, pés inseguros comprimindo o piso instável do elevador. Só porque era sábado, porque estava indo embora, porque as malas restavam sem fazer e o telefone tocava sem parar. Sorriu olhando em volta.

Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.

Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, apertou os dedos da mão direita na porta aberta do elevador e atravessou o saguão de lado, saindo para a rua. Apoiou-se no poste da esquina, o vento esvoaçando os cabelos, e para evitá-lo ele então levantou a cabeça e viu o céu. Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Visto assim parecia não um moço vivendo, mas pintado num óleo de Gregório Gruber, tão nítido estava ressaltado contra o fundo da avenida, e assim estava, mas sem compreender, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco, a moça debruçou-sena janela lá em cima e gritou alguma coisa que ele não chegou a ouvir. Parado longe dela, a moça visível apenas da cintura para cima parecia um fantoche de luva, manipulado por alguém escondido, o moço no poste agitando a cabeça, uma marionete de fios, manipulada por alguém escondido.

De repente um carro freou atrás dele, o rádio gritando "se Deus quiser, um dia acabo voando". Na cabeça dele soaram cinco tiros. De onde estava, não conseguiria ver os olhos da moça. De onde estava, a moça não conseguiria ver os olhos dele. Mas as memórias de cada um eram tantas que ela imediatamente entendeu e aceitou, desaparecendo da janela no exato instante em que ele atravessou a avenida sem olhar para trás.

Caio Fernando

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Hoje eu não quero dor


Hoje eu não quero flor. Não quero nada. Que rime com o amor.

Luiza Possi - Nem bem acordo

terça-feira, 30 de junho de 2009

A vida como ela é

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando,
vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu.

Luis Fernando Veríssimo

sábado, 27 de junho de 2009

Amor x Rotina

"- Você não me ama mais, é isso?
-Ta vendo? - Esse é o problema com o amor... ou ele vira cobrança e ninguém tem mais paz, ou então ele vira rotina e as pessoas morrem de tédio.
- Se você quer amar alguém por muito tempo tem que aprender a gostar da rotina.
- O casamento é o túmulo do amor. Foi inventado para os seres humanos medianos, que não são aptos nem para o grande amor, nem para a grande amizade, portanto para a maioria. (Nietzsche).
- Você não quer casar porque é um ser superior, é isso?
- Não, eu não quero casar porque casamento é chato. Porque casamento é uma coisa, amor é outra. As pessoas se casam por amor e depois terminam se estapeando por causa de uma infiltração na cozinha.
- Eu não posso acreditar que você não vai mais me namorar por causa disso. Por causa de uma frase do Nietzsche e uma infiltração na cozinha.
- Eu prefiro a aventura à rotina.
- Eu prefiro os dois. Criar um filho, por exemplo, é uma aventura e é rotina ao mesmo tempo.
- Eu não quero ter filhos... quero fazer teatro. Ou filhos ou livros. Nietzsche, de novo.
- Pois eu quero casar, ter filhos e fazer teatro. Mas não com você!"

Diálogo extraído do Filme Romance

Fαlαr sem αspαs, αmαr sem interrogαção, sonhαr com reticênciαs, viver e ponto finαl.


Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabor

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Cansei

Paquerar é bom, mas chega uma hora que cansa! Cansa na hora que você percebe que ter 10 pessoas ao mesmo tempo é o mesmo que não ter nenhuma, e ter apenas uma, é o mesmo que possuir 10 ao mesmo tempo. Nessas horas sempre surge aquela tradicional perguntinha: Por que aquela pessoa pela qual você trocaria qualquer programa por um simples filme com pipoca abraçadinho no sofá da sala não despenca na sua vida?
Luis Fernando Veríssimo

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Eu não quero mais esperar pelo dia que for.

Eu não quero mais esperar por dia nenhum. Eu não quero mais esperar. Achei que essa fase já tinha sido superada. Que seriam muitos dias sim, poucos dias não. Mas, a vida atrolepa os planos e muda a rotina de lugar. Eu entendo. Eu aceito. Mais por não poder fazer nada, que por ser uma pessoa compreensiva. Hoje, eu não sou uma pessoa compreensiva. Amanhã, quem sabe. O cansaço me consome. E eu queria poder parar de sentir, por um dia ou dois.

Caixinha Delicada

domingo, 21 de junho de 2009

Aviso Prévio

Entrei na sala escura e pequena. Senti uma claustrofobia enorme. Abre aí uma janela, liga o ar, qualquer coisa. Não, tinha que ser jogo rápido. Diga logo ao que veio que eu tenho mais o que fazer. Eu vim pedir demissão. Disse. Já me arrependendo. Mas preferindo isso do que ser demitida por incompatibilidade ao cargo. Ele me olhou, olhou, olhou de novo. Por cima dos óculos. Então você quer se demitir do amor? Isso mesmo, querido chefe coração. Eu quero desaparecer daqui. Quero que você se exploda. Veja bem. Um dia lindo lá fora. Quinhentas coisas pra fazer. E eu presa aqui o tempo todo. Nessa salinha mofada. Trabalhando vinte e cinco horas por dia sem dormir, sem ver a luz do dia e sem ganhar nada por isso. Vivo exausta e abatida. Chega. Isso é trabalho escravo. Você me deve férias há anos. Você sempre me garante que agora, agora finalmente é a minha vez. Vou crescer na empresa. Vou me dar bem. Vou ter aumento. Mas nunca é a minha vez. Vou morrer estagiária se continuar aqui. Sempre que estou saindo pra almoçar, você aparece em minha mesa e me dá papeladas e mais papeladas de angústias e ciúmes. E mais uma vez deixo de comer pra cuidar de você. Sempre que estou saindo pra me divertir um pouco, esquecer o dia desgastante, esquecer que você me suga, esquecer que bato cartão diariamente numa empresa que jamais me valoriza, você aparece e me dá papeladas e mais papeladas de saudades e fidelidades. E nisso os dias passam e não saio do mesmo lugar. Mas olha. Está um dia tão bonito lá fora. E são tantos outros empregos que posso arrumar. Minha bunda, por exemplo, tá precisando de um reforço já faz tempo mas eu nunca apareço. Ela está quase falida. Meu cérebro, coitado, já desistiu de me oferecer mais dinheiro pra me levar daqui. Eu sempre acabo ficando. Escrava sua. Seu explorador desgraçado. Eu quero a demissão agora. Quero viajar com carro conversível e cantar. Quero trepar com alguém que você não goste sem ser bipada por você na hora H. Sem ter que voltar correndo pra fazer suas vontades imperantes. Já que não tem final de semana, madrugada ou Carnaval, esse é o jeito. Demissão. Desisto. Me demito. O quê? Aviso prévio. Quem disse? É lei. Tá bom. Aviso prévio. Mas eu te juro, só mais uma semana. Aproveita bem que está acabando. E se você for esperto, metade do que bota banca que é, me contrata antes de me perder pra sempre.

Tati Bernardi

Parei Com Você

Não era isso que você queria ouvir? Pronto. Tá dito. Satisfeito agora? Foi foda, vai ser foda, está sendo foda. Em todos os sentidos. Mas eu vou ficar bem, já você eu não sei... Foi você quem escolheu assim, e pra isso, teve que passar por cima de mim, portanto você me deixou sem escolha. Ok, deve ser direito seu. E não deve ter tanta importância pra você mesmo. Era isso. "The end is knocking". Mas valeu, valeu sim. Só "não vá perder a hora certa com a pessoa errada", tentarei fazer o mesmo.

Caixinha Delicada

sábado, 20 de junho de 2009

Frágil

Você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.

Caio F.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Meu Plano


Meu plano era deixar você pensar um pouco, Meu plano era deixar você pensar... Meu plano era deixa você fugir quando quiser, Meu plano era esperar você voltar... Mas por que raios você não volta nunca ?

...

Por que raios toda vez que eu tô me achando muuuuito foda, muuuito feliz e muuuito amando algo, algum merda vem e me lembra que eu não sou porra nenhuma? Hein, Deus? Deeee-us, tô falando com vocêêê!

Tati B.

Deixa eu Brincar de Ser Feliz

"tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, não me venha com essas história de atraiçoamos todos os nossos ideais, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria era salvar a minha, veja só que coisa mais individualista elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara. "
Caio F. Abreu

terça-feira, 16 de junho de 2009

A Impontualidade do Amor


Você está sozinho?
Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.
Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa?
Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio.
O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.
O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito.
A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender.

Martha Medeiros

Acho que é saudade então


Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

Martha Medeiros

sábado, 13 de junho de 2009

E então aconteceu.

Do fundo dє mєu corαção, єu quєrία αquєlα rosα prα mίm. єu quєrία, αί como єu quєrία. є não hαvία ĵєίto dє obtê-lα. No mєίo do mєu sίlêncίo є do sίlêncίo dα rosα, hαvία o mєu dєsєĵo dє possuí-lα como coίsα só mίnhα. єu quєrία podєr pєgαr nєlα. Quєrία chєίrá-lα αté sєntίr α vίstα єscurα dє tαnto pєrfumє.

Clarice Lispector - Cem Anos de Perdão
"Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo."

Caio Fernando

É Insuportável

Sim, eu acho insuportável assumir que eu morro de ciúmes dela! Eu acho insuportável não poder te ver porque você está com ela. Eu acho insuportável ter que saber que você me ama, mas está com ela porque não pode estar comigo. Eu acho insuportável você estar com ela porque tem medo de estar comigo. Eu acho insuportável ter que ler que você a ama não sendo verdade. Eu acho insuportável ter que te ver como meu amigo já não conseguindo isso com perfeição. Eu acho insuportável saber que você tem saudades de mim. Eu acho insuportável ter que guardar palavras, gestos, sentimentos que eu queria expressar só para você. Eu acho insuportável ter que ver o homem da minha vida fazendo outra pessoa feliz.

Manuela Saraiva

Achei por acaso esse texto, tem tudo a ver com a gente. Você sabe disso, você mesmo disse.

Oque é nosso ta guardado

Sempre ouvi isso da minha mãe, e tenho pensado sobre, esses dias.
Sabe, acho que deve tá guardado mesmo, népossível.
Aliás, tão guardado, tão guardado que não se acha nunca. ¬¬

Caixinha Delicada

Muda tudo

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?

Charles Chaplin

Há tanto a se dizer


"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa."

Caio Fernando

Eu Preciso Muito de Você


"Eu preciso muito muito de você. Eu quero muito muito você aqui de vez em quando, nem que seja muito de vez em quando. Você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor, você não precisa trazer nada, só você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone, basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio, juro, como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro. Mas eu preciso muito muito de você."

Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Não choro mais.

Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora.

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Vou ver novela

Tá decidido. Uma preguiça em arrumar homem. Novela pelo menos avisa “é a última semana!”. Homem some no auge da primeira.

Tati B.

CADÊ A TAMPA DA MINHA PANELA, O CHINELO DO MEU PÉ CANSADO, A METADE DA MINHA LARANJA?

"(...) E chega!
Há anos peço o príncipe e só me mandam o cavalo.
Dizem que materializar os sonhos escrevendo ajuda, então lá vai: quero transar com beijo na boca profundo, olhos nos olhos, eu te amo e muita sacanagem, quero cineminha com encosto de ombro cheiroso, casar de branco, ser carregada no colo, filhos, casinha no campo com cerquinha branca, cachorro e caseiro bacana. Quero ouvir Chet Baker numa noite chuvosa e ter de um lado um livrinho na cabeceira da cama e do outro o homem que amo. Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz parte do amor. Quero ser lembrada em horários malucos, todos os horários, pra sempre. Quero ser criança, mulher, homem, et, megera, maluca e, ainda assim, olhada com total reconhecimento de território. Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura. E quando eu tiver tudo isso e uma menina boba e invejosa me olhar e pensar que "aquela instituição feliz não passa de uma união solitária de aparências" vou ter pena desse coração solitário que ainda não encontrou o verdadeiro amor."

Tati Bernardi

Ele é Só um Cara

E quer mesmo saber? É um cara como todos os outros caras. Esse que te perguntou as horas no meio da rua – podia ter sido ele e você nem ligou. O mendigo, o ginecologista, o padre, o dealer. Ele estava ali o tempo todo. E ele não estava. Ele é só um deles. Vários. Uma legião. E ninguém. É só um cara. E não a sua vida. E não todos os dias da sua história. E não todas as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário. Ele não é o destino. É um cara. Existem muitos destinos. Ele é só um cara que mal sabe escolher os próprios perfumes. Não sabe sangrar. Não sabe que nome daria a um filho. Não pode ficar mais tempo. Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou. E perdeu. Ele é só um cara. E você já esqueceu outros caras antes.

domingo, 7 de junho de 2009

Conto de Fadas?


Parece que eu gosto mesmo é de viver no mundo de faz de contas, baseando-se sempre na história do príncipe encantado que a princesa é apaixonada o romance todo e que surge no final da história pra viverem felizes para sempre. É sempre a mesma ladainha, só que na minha história a princesa precisa acordar e ver que o príncipe nem sempre é o que surge no final da história e muito menos aquele que é proíbido pelas famílias ou algo do tipo.
Parece uma luta contra o próprio sentimento, ou melhor, uma luta para que o sentimento não surja, para que o melhor não aconteça, para que adie o fim do conto, e tudo isso para que? A vida é sua mocinha, a protagonista é você, o príncipe sumiu faz tempo e o melhor a ser vivido você pode estar deixando pra trás (mais uma vez).

A Dona da História

"Tudo bem mocinha? Tudo bem com você?
E com a sua vidinha? Tudo bem também?
Você é a dona da história não é?
Mas que porra de história é essa que você quer fazer com a merda da sua vida?
Com quem será??? Com quem será que a mocinha vai casar???
Vê filme Americano e acha que é assim não é? A tua história nunca vai sair disso mocinha! Sabe por quê?
PORQUE VOCÊ É SÓ ISSO!
É ESSE O SEU CONFLITO!
É ISSO QUE VOCÊ É MOCINHA...
PERSONAGEM INÚTIL DE UMA HISTÓRIA PELA QUAL NINGUÉM JAMAIS SONHARIA EM ESCREVER!!"


Trecho extráido do filme "A Dona da História"

sábado, 6 de junho de 2009

Pra sempre sua garota favorita.


Eu queria que você pensasse que eu sou a sua razão de estar no mundo. Eu queria que meu sorriso fosse o seu sorriso favorito. Eu queria que você não conseguisse me entender, mas sempre quisesse saber como eu sou. Eu queria que você segurasse a minha mão quando eu estivesse chateada. Eu queria que sem mim o seu coração se partisse. Eu queria ser a última coisa em que você pensasse antes de dormir. Eu queria que você precisasse de mim. Basicamente, eu queria que você me amasse. Tudo que eu sei é que você é a coisa mais adorável que eu já vi. Eu queria que nós pudéssemos ser algo.
Kate Nash - The Nicest Thing

terça-feira, 2 de junho de 2009

Inconscientemente,

Parecia querer buscar em autores, filmes e músicas, algum tipo de consolo. Como se alguém precisasse chegar bem perto do sofá, onde estava, colocar um das mãos em seu ombro e dizer que aquilo era normal, que acontecia também com outras pessoas. E que iria passar.

Caio Fernando Abreu

Pra ele


'Prefiro ter sentido seu cabelo uma vez,
prefiro ter colocado sua mão na minha uma vez,
prefiro ter lhe beijado uma vez,
do que passar a etenidade sem isso...'

Mesmo que ele nunca saiba que é pra ele que escrevo.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sim

Desde que eu te vi, eu te quis

Nando Reis-Sim

A Guerra nos Céus

I
Era noite escura no céu triste da dor
Na mesma noite em que o anjo desistiu do amor.
E a poesia perdeu a magia e a beleza,
E todo o mundo mergulhou no oceano de tristeza.
Os sinos desde então não badalaram mais
E tudo se perdeu sem a imensidão da paz
Aquele anjo negro não quis ser portador da luz
Renegou e enterrou invertida a imagem da santa cruz.
Os ventos nunca mais sopraram em direção ao norte
E todos os humanos foram largados à própria sorte.
Bebês agora sem mãe, crianças agora sem pai.
O anjo que era divino, cospe em seu Deus e cai.
Ninguém saberia entender o que teria ocorrido,
Sabe-se apenas que o amor havia morrido.
Almas brigam o tempo todo almejando o poder.
E pela primeira vez, Cristo desistiu de viver.

II
O arcanjo Miguel liderava o lado “do bem”
Ajoelhados, os querubins respondiam amém.
E seu Deus foi abdicado do imaculado trono,
E durante mil anos cairia em profundo sono.
Luzes partidas eram vistas por todos os cantos,
Nessa guerra que não há pecadores nem santos.
Almas corrompidas pela vontade de governar,
Deixando para trás o privilégio de amar.
E o anjo negro do mal era chamado Lucibel,
O primeiro filho de deus que queria ser o dono do céu.
Cruzes no mar de sangue eram postas invertidas
Para que sempre se lembrassem dessa batalha maldita.
Nunca mais se ouviu falar do som belo no paraíso,
Os humanos foram proibidos de expressar um sorriso.
Dois lados lutando pela fome de abater
E pela segunda vez, Cristo desistiu de viver.

III
Para ganhar aliados, Lucibel recrutou Caim,
O primeiro homicida numa guerra que não teria fim.
E os anjos bons ressuscitaram então Abel,
Irmão versus irmão na tentativa de ganhar o céu.
A escuridão tomava conta de todo o mundo
E os humanos foram obrigados a viver nesse submundo.
Vi seca, fome, ódio; vi morte, briga e rancor.
Sentimentos duvidosos tomando o lugar do amor.
E a cada anjo do bem rendido, uma estrela se apagava.
E a cada morte que se fazia; o anjo negro prosperava.
Lucibel estava cego, a ganância era quase mortal.
Quem poderia supor que o filho de Deus seria tão mal?
Com seu olhar cego sem íris e suas asas queimadas,
Lucibel liderava o exército das almas negras armadas.
Era quase certo que nessa luta o mal viria a vencer.
E pela terceira vez, Cristo desistiu de viver.

IV
O céu cada vez mais ganhava um tom avermelhado
E os mares e oceanos eternamente teriam secado.
Os pássaros e seus cantos nunca mais foram ouvidos
E o que cortava o silêncio eram os anjos e seus gemidos.
Mil anos se passaram desde que a guerra se iniciou,
O Deus dos anjos bons finalmente do sono acordou.
Com suas palavras de ódio, amaldiçoou Lucibel,
Que pela derradeira vez acabou caindo do céu.
Os anjos negros armados foram expulsos também,
E eis que finalmente, o mal perdeu para o bem.
Lucibel perdeu seu posto de filho mais adorado
E nas grades do inferno para sempre seria algemado.
Lucibel não é mais Boa Luz, agora é Luz das Trevas.
Lúcifer por codinome, ou o senhor das guerras.
Mas os humanos se perderam nessa luta pelo poder
E agora eternamente, Cristo desistiu de viver.

domingo, 24 de maio de 2009

-Você tem um cιgαrro?

-Estou teηtαηdo ραrαr de fumαr.
-Eu tαmbém, mαs querια umα coιsα ηαs mãos αgorα.
-Você tem umα coιsα ηαs mãos αgorα.
-Eu?
-Eu.


Caio - O dia em que Júpiter encontrou Saturno

Te olho nos olhos

E você reclama,
Que te olho muito profundamente.
Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente...
Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade
De me inventar de novo.
Desculpa...
se te olho profundamente,
Rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais, nos seus traços.
A ponto de ver a estrada...
Muito antes dos seus passos.
Eu não vou separar as minhas vitórias
Dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim;
Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente."

Ana Carolina